domingo, 10 de março de 2013

O valor de uma amizade

Tempos atrás, peguei uma corrida em um supermercado. Uma passageira idosa, muito frágil, cheia de compras. Chegando à sua casa, ela pediu que eu levasse os volumes até a porta. Foi quando eu vi o Maverick. Ela tinha na garagem um carro clássico dos anos 1970. O veículo estava como novo, apenas tapado de pó.

Algum tempo depois, conversando com um amigo que restaurou um velho Maverick a ponto de deixá-lo impecável, lembrei do carro que eu havia visto naquela garagem. Meu amigo ficou muito interessado. Disse que tinha vendido o carro dele, e que estava em busca de outro. Fiquei de anotar o endereço certinho, assim que passasse pela casa daquela velhinha.

No outro dia mesmo, passei pela casa da dona do Maverick. Anotei o endereço em um papel e larguei sobre o painel do táxi.

Aconteceu, então, uma grande coincidência.

Um homem pegou meu táxi para ir até o banco. Pediu que eu o aguardasse, pois ia sacar muito dinheiro. Minutos depois, saiu da agência com um envelope que, segundo ele, continha R$ 300 mil. Contou que era colecionador de carros antigos, que estava indo ao Uruguai comprar um carro com aquele dinheiro.

Conversa vai, conversa vem, ele me confessou que estava à procura mesmo era de uma Simca ou de um...Maverick! Disse que estava difícil achar um carro desses em bom estado.

Eu, então, contei ao colecionador sobre o papel que estava sobre o painel. Sobre o endereço que eu havia acabado de anotar para um amigo. Ele ficou excitado, fez menção de levar a mão ao papel, mas eu o contive com um gesto. Momento tenso. Meu passageiro assegurou que aquela informação era valiosa para ele. Deu a enteder que poderia me pagar pelo endereço.

Esta semana, meu amigo passou no meu ponto para mostrar seu novo Maverick. Fechei o táxi e embarquei no possante para uma volta. Rodamos pela cidade tirando a maior onda, cotovelos nas janelas, sorrisos escancarados. O ronco de um motor V8 e uma velha amizade são coisas que não tem preço.

5 comentários:

Inaie disse...

Você só citou o maverick pro seu passageiro pra fazer onda com ele, né?
Tadinho. Deve estar tendo insonia até hoje!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

O prazer de ser útil....

ricardo garopaba blauth disse...

slo Mauro...
é por gestos como o teu que acredito que o SER HUMANO é um projeto possível......

Parabens Mauro.......

abraço fraterno

Dalva M. Ferreira disse...

Não falei?