domingo, 3 de março de 2013

Pelotinha e as namoradas

Pelotinha era um taxista conhecido. Apesar de franzino, era metido a brigador: não levava desaforo pra casa. Frequentava tanto as delegacias que já era amigo da polícia. Vivia metido em confusão. Eu o conheci assim que comecei a trabalhar em táxi. Nessa época, ele já era veterano na praça.

Lembro de uma vez, desafiado por outros taxistas, em um ponto da Praia de Belas, ver o Pelotinha colocar a perna atrás da própria cabeça. Apesar da idade, ele tinha uma saúde invejável, e gostava de mostrar seu excelente preparo físico.

Nosso folclórico taxista também era um grande contador de proezas, que ele enfileirava a ponto de passar uma tarde inteira contando vantagem. Quando eu o encontrava em uma padaria do Bairro Santana onde os taxistas costumavam tomar café, podia perder horas de serviço escutando as histórias cheias de detalhes que ele narrava.

O caso preferido do Pelotinha era a corrida que ele fez para duas lésbicas que tinham saído de uma boate. Uma delas estava tomada de ciúmes, pois achava que a outra andava de olho em um travesti. A discussão acabou partindo para a violência, a ponto do taxista expulsar as passageiras do táxi, para que brigassem na rua.

Inconformado de ver a garota apanhando da namorada, Pelotinha teria se envolvido na briga e, segundo ele mesmo contava, acabou apanhando das duas, que se uniram para espancá-lo. Sacana, ele dizia que tudo havia acabado em um motel, onde passageiras e taxista se amaram até o amanhecer.

As últimas notícias que circularam sobre Pelotinha, davam conta que ele estava envolvido com uma japonesa misteriosa. Lembro de tê-lo visto desfilando com essa mulher dentro do táxi. Uma morena de feições orientais, vestida de preto, com maquiagem pesada. Chamava bastante a atenção. Depois que o taxista sumiu sem deixar notícias nem aos parentes, boatos na praça insinuavam que a tal japonesa o teria matado em um ritual de magia negra...

Mas isso já é uma outra história.

6 comentários:

SERGIO LB disse...

Não te deste conta, Mauro, que a tal japonesinha-do-pelotinha era simplesmente a Yoko Ono? Imagine!!! [sic].

Atualmente [e já separado da tal] o pelotinha está estabelecido na Big Apple, Manhattan [New York].

Lá, é proprietário de um renomado fast-food, exclusivo para os taxistas, chamado 'Great Southern River - Gay Port", cujas especialidades são o sushi e o sashimi.

Foi também por diversos pleitos candidato a Deputado Distrital de NY.

[In]Felizmente nunca foi eleito.

Anônimo disse...

Um belo conto policial....

ricardo garopaba blauth disse...

"mas isto já é outra história" é um excelente gancho para deixar leitores "presos" `..........."mAS ISTO JÁ É OUTRa história"...rsrsrsr

ricardo garopaba blauth

ricardo garopaba blauth disse...

"mas isto já é outra história" é um excelente gancho para deixar leitores "presos" `..........."mAS ISTO JÁ É OUTRa história"...rsrsrsr

ricardo garopaba blauth

ricardo garopaba blauth disse...

"mas isto já é outra história" é um excelente gancho para deixar leitores "presos" `..........."mAS ISTO JÁ É OUTRa história"...rsrsrsr

ricardo garopaba blauth

Inaie disse...

adoro seus contos