domingo, 3 de julho de 2011

Várias histórias curtíssimas

A freira idosa entrou no táxi com suas vestes de santa e tênis Adidas. Falante, ela contou por que entrou para a vida religiosa. Disse que ia à igreja e ficava encantada com o coro das freiras. Queria cantar como elas, juntar-se ao grupo, pois amava a música. Na sua cabeça de criança do interior, achava que para cantar daquele jeito precisava virar freira. Assim, pela música, tornou-se religiosa. Mais tarde, descobriu a verdade, mas já estava acostumada com a vida no convento e não quis mais sair.
Outra história que escutei foi a de um garoto que fazia aulas de piano. Ele odiava as tais aulas, mas o pai o obrigava a continuar, queria vê-lo músico. No auge de seus 7 anos de idade, o garoto passava os dias catando cupins em troncos de árvores velhas. Colocava os insetos dentro de uma caixinha e levava-os para a aula de música. Quando o professor se distraia, o menino jogava os bichos dentro do piano, na esperança que eles acabassem com o instrumento e, por consequência, com as aulas de música!
Outro passageiro contou que morava em um lugar que chovia cartas. Disse que passou sua infância morando em um apartamento térreo, na rua Andrade Neves. No último andar do prédio, naquela época, funcionava o Jóquei Clube, onde a alta sociedade porto-alegrense reunia-se para jogar pôquer. Quando as apostas eram altas, a tradição mandava que se usasse um baralho novo. O baralho usado, então, era jogado pela janela e caia no pátio deste meu passageiro, que se encantava com a chuva de cartas.
Enquanto eu escutava o futebol no rádio do táxi, a passageira contou que, quando criança, seu pai costumava levá-la para o estádio Olímpico. Cada vez que o Grêmio marcava um gol, seu pai a agarrava no colo, a sacudia, a jogava para cima a ponto de quase matá-la. Minha passageira disse que, em silêncio, passava o jogo inteiro torcendo para que o Grêmio não fizesse gol!
Diretores de cinema e televisão com dificuldade de encontrar bons roteiros deveriam trabalhar em um táxi.

12 comentários:

Anônimo disse...

hahaha... é verdade!!! E ter boa memória! òtimas, como sempre! Bom Domingo!

Anônimo disse...

E deveriam mesmo... Ótimas histórias, como sempre!

Beijos

Debora Midori Odagiri disse...

É o lugar perfeito para encontrar histórias genuínas. Abraços.

Ricardo Mainieri disse...

Sabe que estas estórias engraçadas, no caso, ocorrendo em Nova York viraram tema de filme de diretores como Scortecci e Woddy Allen. O filme se chamava "Contos de Nova York" e era bem interessante.
Esses que vc. nos traz estão interessantíssimos.

Abs.


Ricardo Mainieri

Unknown disse...

com certeza. se tem uma coisa que adoro fazer e escutar o outro.

Clarice disse...

Ou contratar você pra passar uma temporada ditando histórias.
Abraços.

Alice Farias disse...

Rs, ótimas histórias!!!!
Abraço!

Bete Nunes disse...

Conte-nos mil e uma dessas histórias, Mauro... rs

Rogerio Macedo disse...

Isso ae amigão muito boas,oque nao podemos esquecer e daquelas que os passageiros conversam dentro dos nossos taxis ao celular ou quando estão acompanhados.acho que eles esquecem que tem alguem na direção e é claro ouvimos muito bem rsss... abraçõs

vidacuriosa disse...

Essa vida curiosa é imensamente mais rica em histórias do que a capacidade do homem de imaginá-las.
Abrs

Anônimo disse...

os seus posts continuam ótimos.Você sabe contar histórias.
A sua idéia de filme é interessante.
tereza

Anônimo disse...

Tô quase virando taxista! hehehehehe