domingo, 3 de novembro de 2013

O taxista carioca

Recentemente, viajei ao Rio de Janeiro. Estando meio perdido na cidade, aproveitei para andar de táxi no banco do passageiro, o que é raro.


O taxista que me conduziu pela Cidade Maravilhosa foi o Claudião, um típico malandro carioca. Sem que eu pedisse, ele contou a história de duas mulheres que pegaram seu táxi à procura de companhia. Depois de deixá-las em um clube, Claudião pegou, na próxima corrida, um cara à procura de uma namorada. Antenado, Claudião levou seu passageiro ao tal clube. E aceitou o convite para descer junto. Acabaram dando em cima das mulheres. Passados 10 anos, o taxista garante que continua com a namorada daquela noite.


Mas o que mais me chamou a atenção, foi a tecnologia a bordo do táxi do Claudião. Por ser apaixonado por novelas, ele tem uma televisão presa ao para-brisa. O volume da TV sai nos alto-falantes do táxi em altos decibéis. Ele contou que já mandou uma passageira descer porque ela exigia que ele desligasse o aparelho e prestasse atenção ao trânsito. Sem chance.


Além de assistir à novela (xingando os personagens), Claudião tem ainda um GPS e dois celulares que não param de lhe enviar mensagens, que ele responde enquanto dirige! Quando falei que era taxista e tinha escrito um livro, ele puxou uma máquina fotográfica e fez alguns cliques - o flash espocando enquanto o táxi voava pela noite carioca. Loucura!


Em meio a toda essa bagunça eletrônica, a comunicação com meu amigo taxista ficou bem prejudicada. A conversa era entrecortada. Mais de uma vez, senti que falava sozinho enquanto Claudião tratava de seus brinquedinhos digitais. Isso sem falar no risco de colisão, que, segundo as companhias de seguro, aumentou muito desde o surgimento dos smartphones.

A tecnologia tanto ajuda quanto atrapalha, tanto aproxima quanto pode separar. Por vezes, tudo que se procura é um bom papo. Olho no olho, mesmo que seja pelo retrovisor de um táxi. Fica a dica.

4 comentários:

Anônimo disse...

Essas novas tecnologias estão tornando o papo entre pessoas coisas impossíveis, e do passado. Infelizmente.

Dalva M. Ferreira disse...

Concordo! Afinal, taxista é meio psicólogo...

Ricardo Mainieri disse...

Mauro, vc. até que teve sorte com o taxista carioca. Ele só ficou rolando lero.
Em meu caso, algumas vezes esses malandros deram repetidas voltas na esquina do Hotel, viraram a Lagoa de cabo a rabo para voltar ao mesmo lugar e assim foi.
É preciso olho vivo neles.
Infelizmente, parece que uma minoria por aqui está pegando a febre...

Clarice disse...

Cara, se eu entro num carro, seja táxi ou não e o motorista usa celular enquanto dirige, peço pra encostar e "apeio". Imagine digitando e fotografando.
Coisa de louco.

Abração.