domingo, 8 de abril de 2012

Pagando pra ver

Quando a passageira embarcou, o taxista sentiu que aquela corrida não seria apenas mais uma. A mulher sentou-se no banco da frente, inundando o táxi com sua sensualidade e seu cheiro de banho recém tomado. As pernas longas e bronzeadas, quase roçando na palanca de mudança, eram a antevisão do paraíso.

A conversa que a mulher jogou para cima do taxista foi esquisita. Mostrando-se angustiada, ela contou que precisava muito de ajuda. Disse que estava comprando um apartamento, mas para fechar o negócio, a construtora exigia que ela tivesse R$ 15 mil na conta. Para completar essa quantia, disse que lhe faltavam R$ 4 mil.

Ela explicou que era uma formalidade. Precisava apenas depositar o valor, tirar um extrato, e logo devolveria o dinheiro. Seria questão de horas. A mulher deixou claro que faria “qualquer coisa” para conseguir aquele montante. Disse que estava indo para casa, que ficaria sozinha, pensando onde conseguir o dinheiro. Enquanto explicava detalhes da operação e repetia que faria qualquer coisa para conseguir a grana, a passageira alisava sutilmente a perna do taxista e lhe lançava olhares de desejo.

Ao final da corrida, a passageira pediu que o taxista ligasse para seu celular, pois não estava achando o aparelho. Quando a campainha tocou, achou-o dentro da bolsa. Foi assim que o taxista ficou com o número da mulher na memória do seu telefone.

Mesmo sabendo que aquilo tinha tudo para dar errado, que tinha toda a pinta de ser um truque mal encenado, que poderia não ver mais a sua grana, o taxista acabou caindo na tentação. Ligou para a mulher alguns minutos depois. Valia a pena arriscar.

Perdeu o dinheiro. O dinheiro que estava economizando para sair do aluguel. Para comprar uma casa pré-fabricada, que colocaria nos fundos do terreno da sua sogra. O dinheiro que tinha custado horas de trabalho suado ao volante do táxi.

Ele contou que foram três encontros com a tal mulher até que ela sumisse com a grana. Três encontros que, segundo ele, valeram cada centavo perdido.

9 comentários:

Anônimo disse...

Ele na verdade não perdeu nada! Quanto vale um prazer desses???? Dinheiro se ganha, e as vezes, uma mulher dessas, nunca mais!

Dona Sra. Urtigão disse...

Bem, eu acho que agora a mulher dele deveria roubar muito do que ele ganha, sair com outros homens e pagar o hotel com o dinheiro dele...

Anônimo disse...

Dona Urtigão,

ele é solteiro !!!!! srsrs

Anônimo disse...

O CORPORATIVISMO das mulheres é incrível!!!!!

(;-))

Ricardo Mainieri disse...

Saiu um bocado caro estas calientes noites de amor. Mas, parece que teu colega estava pagando pra ver.
Pagou, recebeu o "produto", este funcionou perfeitamente, então segundo a ótica dele valeu.
Só não vale a sogra e a mulher ficarem sabendo...(rs)

Adriana disse...

É, cada um com as suas prioridades.
Ótima crônica.

Unknown disse...

Certas burrices são deliciosas.

Felipe Tazzo disse...

Salve, Mauro, tudo bom?

Feliz aniversário, colega, desejo-lhe muita saúde, dinheiro, paz no trânsito e nenhuma passageira como essa (afinal, você é um homem de família!).

Grande abraço

Liana disse...

Garota de Programa cara essa :P