segunda-feira, 20 de abril de 2009

Confessionário ambulante

Quando o passageiro embarcou, o taxista sentiu-se constrangido: não sabia ao certo como cumprimentar um padre. Ainda mais um padre vestido daquele jeito. Além da batina preta e a tradicional gola branca, ele trazia um crucifixo enorme pendurado no pescoço e um chapéu dourado. Parecia o próprio bispo em pessoa!
O padre facilitou as coisas. Soltou um simples “boa noite” e deu o itinerário. Sequer esticou o braço para que o outro lhe beijasse a mão. O taxista ficou aliviado e partiu. Como seria uma corrida longa, o trânsito estava calmo e a noite escura, o taxista arriscou uma conversa com o religioso, que, no fim das contas, mostrou-se simpático.
Percebendo que o homem ao volante era uma pessoa angustiada, o padre encorajou-o a se confessar. Disse que um sacerdote não tinha hora para cumprir sua missão e que estava disposto a ouvi-lo. Emocionado, o taxista desatou a falar dos seus pecados.
Disse que o serviço à noite era solitário e repleto de tentações. Confessou que enganava o patrão nas contas, que cruzava sinais fechados, que fumava dentro do carro e que usava uns comprimidos para manter-se acordado. Como o padre parecia um poço de compreensão, o taxista foi além. Admitiu que traía sua mulher, vez ou outra, com um anão gay que se prostitui em uma esquina da Avenida Ipiranga – coisa que jamais havia dito para alguém antes.
Depois de ouvir aquela lista de barbaridades, o padre pediu que o taxista parasse o carro. No acostamento escuro da Avenida Vicente Monteggia, ordenou que o pecador se ajoelhasse em frente ao táxi e passou a abençoá-lo com incompreensível ladainha. O ritual foi interrompido pelo celular do padre. Ele, então, deu as rezas por encerradas e pediu pressa ao taxista, pois o estavam esperando com urgência.
A corrida terminou em frente a uma festa à fantasia, onde o padre foi recepcionado por seus embriagados amigos: o Zorro, a Mulher Gato e dois índios.

33 comentários:

Anônimo disse...

Por isso que eu não confio os meus mais reconditos segredos à ninguém kkkk Bjs Mauro

Adro disse...

Mto bacana Castro...
Abraços

Dirceu disse...

Há, há... muito boa essa...

Andiara Moraes disse...

história inusitada e divertida!

Kinha disse...

Não sei porque alguma coisa me dizia que ia terminar numa festa à fantasia, talvez o chapéu dourado do padre. E história ilustrada, como estamos ficando finos!

Beijos

Mari Lopes disse...

hahahahaha
Meu Deus...

Fernando Brito disse...

Ahahahahahha!

Ri muito! Parabéns pelo texto.

Marcus disse...

Hahahaha, mais um excelente escrito, Mauro. Mandei o link pro Twitter!

E agora com ilustração e tudo! Belo desenho!

Há Braços!

Letícia Pimentel Ximenes disse...

meldels...
fikei cm pena do coitado...o q esse padre fez eh moh paia, mas eu admito q tinha feito a mesma coisa...kkkkk
bjus

Unknown disse...

Muito bom Mauro!! Esse desenho é teu? Esta ótimo também!! Abração

Anunciação disse...

O chapéu dourado me despertou;coitado do moço;tão necessitado de um desabafo nem prestou atenção.

Marcelo disse...

KKKKKKKK

Mauro, isso é uma história verídica??
Muito bom, tô rindo até agora!

Unknown disse...

hahahahaha...ótima história!

Dalva M. Ferreira disse...

Maledeto!!!

Gorby disse...

O seu blogue é simplesmente fabuloso e viciante, estou sempre à espera de uma crónica nova para ler mais uma história interessante!
Abraço

Anderson disse...

Eita!!!
Por isso que não confio em ninguem!
Se deu mal, confiança excessiva dá nisso!
Abraços, boa semana!

Daniel Afonso disse...

Não consigo parar de rir e de pensar que talvez vc fosse o padre fantasiado.. Como soube dessas confissões?? kkkkk
[]'s

Anônimo disse...

Oi Mauro, tudo bão com voce???

Muito boa, melhor que piada.

Grande abraço,

Paulo Vinícius

Fátima disse...

Muito bom!!! hehe

Unknown disse...

rsrsrsr ô dóóóóó!!!

Plinio Nunes disse...

O taxista não lembrou dos antigos ditados de que "as aparências enganam" e que "nem tudo que reluz é ouro".Imagino o papo que se sucedeu na festa. Também fiquei curioso para saber a fonte da história. Vou ter que passar no ponto do táxi lá da Saldanha Marinho e perguntar pessoalmente.
Abrs.

JM disse...

Ex-ce-len-te!!!!!!!!!!!
Puta que pariu, que legal, essa história!

Jens disse...

Hehehe, as aparências enganam.
Um abraço.

Tássia Jaeger disse...

HAHAHAHAHA...ótimo! Um dos melhores que li por aqui! Agora, se me dá licença, vou ter que começar a leitura do teu blog de cabo a rabo para o meu trabalho...a noite vai ser longa, são várias releituras!!! Abraços!!!

Tássia Jaeger disse...

HAHAHAHAHA...ótimo! Um dos melhores que li por aqui! Agora, se me dá licença, vou ter que começar a leitura do teu blog de cabo a rabo para o meu trabalho...a noite vai ser longa, são várias releituras!!! Abraços!!!

Andres Pereira disse...

Parabéns pelo "novo" blog! Fazia tempo que não visitava alguns blogs. Lembrei-me do blogger.com.br (da Globo.com). Foi então que visitei novamente o seu blog e vi anúncio para visitar o seu novo blog, agora no Google. Será que blogger.com.br foi descontinuado?
Forte abraço e sucesso!

Alê disse...

boa...mtu boa...pelo menos ficou com a consciência tranquila..
ou não?!?..
abraços...

*LIS disse...

haha
Isso me faz lembrar do carnaval deste ano...
Onde em meio a micareta, muito axe, tumulto, bebida e tudo de bom e ruim que nosso carnaval tem.
Vi um cara tambem vestido de padre no meio da multidao! O moco, andava abencoando os folioes e dando beijo na mao das meninas! Tudo com uma expressao muito seria no rosto.

Qualquer um que notasse, claro, caia na gargalhada!

Porto Alegre, RS disse...

hahaha não dá para confiar mais em ninguém

Kesy disse...

hauhauahauhau
ótima, adorei!!!
Já fiquei fã!!!

Bjss

moga :) disse...

Recebi a indicação do teu blog por uma leitora muito assídua tua, Grazi Sperotto..e por sinal, muito bom esse texto! Digo, teus textos todos são muito bem elaborados, a forma de escrever, adorei! Parabéns :D

Ricardo Mainieri disse...

Eu acho que o falso padre estava indo para a Vila Nova, na Festa do Ridículo...(rs)
Muito engraçado o causo e com aquele saboroso final inusitado.

Abraço.

Ricardo Mainieri

Caroll Maturana disse...

Eu e meu marido rimos horrores, ainda mais pq o taxista ainda confessa q transa com um anao gay!
pqp, nunca ouvi falar disso!!!