segunda-feira, 9 de julho de 2018

Dia dos namorados
Meu passageiro postando foto aqui no Face ao lado da mulher, caixa de bombom nas mãos, enquanto eu largo a amante dele (25 anos mais jovem) no shopping com um cheque presente de mil reais na bolsa.
Coisa linda.
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Passageira aqui do nosso ponto, mãe de quatro filhas mulheres, todo o ano pega táxi no dia de Santo Antônio, leva as meninas na igreja. Cada ano uma filha a menos. Ano passado, apenas ela e a última solteira.
Até agora, metade da manhã, a mulher ainda não apareceu. Desconfio que o santo casamenteiro emplacou mais uma.
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Ontem. Saída da igreja Santo Antônio. Uma mulher vinha amparando uma outra mais idosa, que tinha dificuldade de caminhar. Parei o táxi com a porta traseira bem à mão. Aberta a porta, antes ajudar a mais velha a embarcar, a outra espichou o braço sobre o banco, como se fosse limpar o estofamento, ajeitar o cinto, sei lá. Quando ela recolheu o braço, vi que segurava uma bolsinha azul, uma espécie de niqueleira. Pareceu-me que ela havia achado aquilo sobre o banco, mas não tinha certeza, fiquei olhando para ela, esperando que me avisasse, mas ela ocupou-se ajudando a idosa a embarcar. Por um instante, a mulher chegou a me olhar, viu que eu esperava que ela dissesse algo, mas desviou o olhar, ficou na dela. Despediu-se da idosa, fechou a porta do táxi e deu as costas. Antes de partir com a corrida, ainda acompanhei a mulher que sumia no meio da multidão que saía da igreja. Enquanto caminhava, procedia a abertura da bolsinha, num gesto evidente de curiosidade. Fiquei com a pulga atrás da orelha, mas preferi acreditar que ela já estava com a bolsinha na mão, que a maldade estivesse na minha cabeça.
Acaba de ligar para nosso ponto uma passageira perguntando se não perdeu uma niqueleira azul no meu táxi...
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Notícia
Quem desce a Caldre fião, sentido bairro, passando a Maria Degolada, na segunda esquina tem um despacho de macumba pesado. Papel celofane, velas, cachaça, coisa e tal. Bem no centro da oferenda, cercada de guloseimas, uma camiseta oficial do Internacional. Agora vai!
Saravá.
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Mulher negra, vestida de forma humilde, saindo de uma creche chique, alto padrão, com uma criança loirinha no colo. Destino: condomínio de luxo no Bairro Cristal. O bebê agitado, choramingando, nem o embalo do táxi o acalma. A babá não tem dúvida. Tira o seio farto pra fora, oferece à criança que põe-se a mamar, estala os beiços, sacia a fome com gosto. A mulher diverte-se com a cara de espanto do taxista.
- Leite é leite, senhor, não importa a cor da teta.

Um comentário:

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

1 - cavalo velho gosta de capim novo, pelo menos é o que dizem;

2 - o jeito agora vai ser esperar pelas netas;

3 - de boas intenções o inferno está cheio;

4 - não dá para saber se a macumba é para ajudar ou para derrubar de vez;

5 - não duvidaria que a babá em questão possa ter amamentado o bebê mais vezes do que a própria mãe