domingo, 21 de setembro de 2014

Três corridas sem noção

Peguei o garoto saindo de um estúdio clandestino de tatuagem. Ele pediu que eu tocasse até um colégio próximo dali. Tinha acabado de tatuar o nome Marina no braço. Uma tattoo horrível, ao estilo presidiário. O garoto me confessou que estava apaixonado por uma menina que não lhe dava muita bola. O plano do meu jovem passageiro era conquistar o coração da amada tatuando o nome dela em seu próprio corpo. Se faltava-lhe dinheiro para pagar um bom tatuador, sobrava coragem. Era uma estratégia arriscada, ele sabia, mas os dados estavam lançados. Deixei-o no portão do colégio onde encontraria sua doce Marina. Desejei-lhe sorte. Ele ia precisar.

A idosa embarcou no táxi pela porta da frente. Sentou-se ao meu lado. Ela tinha algum problema no cabelo, como se estivesse em meio a um tratamento de quimioterapia. A certa altura da corrida, confessou que estava a ponto de enlouquecer com os “malditos piolhos”. Quando parei em um sinal, ela inclinou a cabeça em minha direção e perguntou se eu enxergava algum piolho. Ela disse que estava sentindo os bichos caminhando por sua cabeça. Contou que já tinha usado todo tipo de remédio, consultado com especialistas, mas nada adiantava. Tentavam convencê-la de que não havia nenhum piolho, mas ela sabia que estavam ali. A solução que encontrara foi arrancar ela mesma os fios de cabelo que julgava enfestados. O resultado desse processo, no entanto, era esteticamente desastroso. Walking dead.

O homem pediu que eu o levasse até a delegacia mais próxima. Pretendia denunciar um caso de cárcere privado. Segundo ele, um vizinho seu estava mantendo a esposa presa dentro de casa. Tomado de ciúmes, o marido ameaçava a mulher de morte caso ela saísse à rua. De acordo com meu passageiro, a mulher não gostava mais do marido, nem dormia mais com ele, queria o divórcio, já tinha confessado que amava outro. O “outro”, no caso, era meu passageiro, seu amante, que estava indo à delegacia procurar ajuda.

Um comentário:

ricardo garopaba blauth disse...

alo alo meu amigão........te recomendo urgente um banho de sal grosso, varios galhos de arruda sabes onde, e sei lá mais o que.........acudam gente meu amigo Mauro........