domingo, 14 de setembro de 2014

Meus queridos leitores

O jovem embarcou, olhou para o livro sobre o painel do táxi e, com ar de admirado, perguntou se eu era o autor do Taxitramas. Diante da minha resposta afirmativa, ele fez uma revelação que deixaria qualquer escritor lisonjeado: “Bah, esse foi o único livro que li em minha vida”. Meu passageiro, pouco afeito à literatura, contou que sua mãe apareceu um dia com meu livro em casa. Ele estava indo para o banheiro e, como ficaria um tempo por lá, resolveu levar o Taxitramas junto. Leu uma história, duas, três, gostou. Foi assim que, para sua própria surpresa, acabou lendo o livro inteiro.

Outro passageiro disse que comprou meu livro mas não estava com muito tempo, leu meia dúzia de histórias apenas, colocou o marcador de página e o deixou sobre a estante. Com o passar do tempo, porém, notou que o marcador foi caminhando pelas páginas. Só então, ele percebeu que sua empregada doméstica estava lendo o Taxitramas! O homem veio até meu táxi e comprou um exemplar autografado para a funcionária.

Outra história é a da passageira que levou meu livro para sua casa da praia. Segundo ela, o Taxitramas passava de mão em mão, todos comentando as histórias uns com os outros, até que alguém levou o livro para a beira da praia. Acontece que uma onda mais forte acabou levando o exemplar mar adentro. Resgatado, o livro foi colocado no sol e, apesar do estado lamentável em que ficou, continua sendo a leitura preferida da casa.

Mas o retorno mais gratificante que tive veio da cidade de Osório, de uma leitora da minha coluna do Diário Gaúcho. O filho da dona Olga, taxista aqui em Porto Alegre, disse que sua mãe, apesar de acometida pelo mal de Alzheimer, não esquece de ler minhas histórias toda a segunda-feira!

Tem também o caso do monitor da academia que me viu puxando uns ferros e veio perguntar como estava minha coluna. Eu já estava levando a mão às costas para reclamar da lombar quando ele comentou: “É na segunda-feira, não é?”.

Um comentário:

riacrdo garopaba blauth disse...

amigo mauro....acabas de confirmar uma verdade....onde houver livros disponíveis um dia haverá leitores.......parabéns amigão