A passageira embarcou no meu táxi carregando uma mala pesada e muitas dúvidas na cabeça. Destino, aeroporto. A mulher estava indo visitar o filho, que foi para São Paulo estudar medicina em uma das melhores universidades do país. O orgulho da família. Mas as coisas não estavam saindo como planejado pelos pais.
Depois de alguns anos cursando medicina, o filho da mulher resolveu largar a faculdade e montar uma fábrica de picolés mexicanos com um amigo. Mesmo com o coração apertado, minha passageira achava que deveria apoiar o filho. Financeiramente, inclusive - estava indo a São Paulo assinar a papelada do financiamento.
Ela me perguntou se eu achava que isso tinha alguma chance de dar certo. Como eu não tinha a menor ideia do que se tratava, perguntei se ela tinha experimentado o tal picolé. Desolada, a passageira afirmou que tinha detestado: o recheio de frutas grudava em sua prótese dentária. Um horror. Sem saber exatamente o que dizer àquela pobre mãe, resolvi contar uma história.
Me veio à mente a história de um amigo meu, o Gegê, um taxista como eu, mas um sujeito inquieto, que não era feliz na sua profissão e vivia procurando algum caminho que o afastasse do volante. Em uma viajem que fez ao Uruguai, Gegê conheceu um homem que morava embaixo de um elefante. Demitido do circo, o homem vagava pelo país com seu animal, que era tudo o que ele tinha.
Gegê viu ali uma oportunidade. Trocou seu táxi em Porto Alegre pelo elefante! Acredite! Trouxe o bicho para o Brasil e passou a alugá-lo para eventos. Chegou a locar o animal para que um certo político fizesse uma entrada triunfal em um comício de campanha. Coisas desse tipo.
Hoje, meu amigo Gegê, ex-taxista, é um promotor cultural bem sucedido e feliz.
Ao desembarcar no aeroporto, minha passageira parecia mais conformada com a escolha do filho. Com a troca da medicina pelos picolés mexicanos. Acho que, como conselheiro, sou um ótimo contador de histórias.
4 comentários:
Otima narrativa ,todo taxista acaba se tornando conselheiro,pelo menos e o que a maioria das pessoas pensam,mas na verdade somos excelentes ouvintes e na maioria das so falamos o q o passageiro ja havia decidido muito antes de sequer nos dar bom dia
alo Mauro.....gostei muito da ultima frase da tua narrativa........
Hahahahah Nada como bons exemplos pra confortar a vida!
e o coitado do elefante, que fim levou?????
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