domingo, 17 de novembro de 2013

Taxitramas, o livro no táxi

Duas velhinhas simpáticas fazem sinal e eu paro. Estou em uma avenida movimentada, retendo o trânsito, mas é preciso paciência pois minhas clientes tem dificuldade com as pernas. Depois de uma seção de gemidos e bengaladas, elas fecham a porta do táxi e partimos.

Para minha surpresa, uma das idosas, a que reclamava de dor nas juntas enquanto embarcava, reconhece meu livro, que eu deixo em exposição no táxi. Ela avisa sua colega:

- Maria, esse rapaz, o taxista, é escritor. Escreveu esse livro aqui, o “Taxidramas”.

- “Taxitraumas”, o que é isso?

- “Taxidramas”, Maria, é o livro do taxista. Foi ele quem escreveu.

- “Taxitraumas”...

- Dramas, Maria, dramas.

Enquanto dirijo, controlo o movimento no banco traseiro com o canto do olho. Penso em comentar que ambas estão erradas quanto ao título do livro, mas elas não dão espaço. A primeira velhinha pega o livro e passa para a outra.

- olha ai, o taxista escreveu esse livro.

- Estou sem os meus óculos. Que livro é esse? - a outra questiona.

- Tu não colocastes o teu aparelho auditívo, Maria? Esse livro aqui é desse rapaz, do taxista, o Mauro.

A outra velhinha, tentando entender o que está acontecendo, bate no meu ombro me felicitando pelo livro:

- Muito bem senhor Paulo, esse livro é seu? Onde o senhor comprou?

- Mauro, Maria, o nome dele é Mauro. Mauro Castro. Ele escreveu… Deixa pra lá.

A idosa das dores nas juntas examina o livro com atenção e decide comprá-lo. Enquanto desembarca, pede desculpa por sua colega surda e avisa que irá divulgar o “Taxidramas” para todas as suas amigas do Clube de Tricot. Agradeço.

Ser taxista não é nada. Difícil é sustentar esse maldito escritor que há em mim.

4 comentários:

Anônimo disse...

maldito escritor......rsrsrsrsrsrsrsr....boa Mauro dos "dramat e traumas".....rsrsrsrsrsrsrsrs

ricardo garopaba blauth disse...

dedos grossos não sabem digitar equens letra destes equipamentos "modernos".......

Clarice disse...

É chato ser gostoso, hein?
Não está longe o dia que terás que deixar o volante, tamanha a fama.
Aquele concurso de feios, repito, não é para ti.
Esta semana segue um dos exemplares para a irmã, que vai adorar, com certeza. O outro para o filho, que além de amigo é teu fã incondicional e não me perdoaria se não recebesse um.
Eu? Lei uma história por dia, para durar mais.
Abraços.

Dalva M. Ferreira disse...

É o rei das velhinhas de POA.