domingo, 8 de julho de 2012

Quero falar com o Macedão

Quando chega pela manhã para me passar o táxi, Danilo, meu valente parceiro da noite, costuma fazer um relatório das ocorrências noturnas. Os fatos que marcaram a madrugada. Histórias quase sempre tensas.

Danilo contou que estava em um grupo de taxistas, esperando apenas que o dia amanhecesse para me entregar o táxi, quando chegou um passageiro apressado. Ele usava um boné enfiado na cara. O homem intrometeu-se entre os taxistas e perguntou quem poderia levá-lo até a Rádio Gaúcha. Disse que precisava falar com o Macedão, o radialista Antônio Carlos Macedo.

Os taxistas entreolharam-se desconfiados, o sujeito não parecia muito certo da cabeça. Como ninguém parecia muito a fim de encarar a empreitada, Danilo disse que resolveu arriscar - precisava mesmo de uma última corrida, e a Rádio Gaúcha ficava no caminho de casa.

Logo que arrancou o táxi, Danilo disse que o passageiro desatou a falar. Contou que estava sendo perseguido. Que não confiava em mais ninguém. Que ia procurar a imprensa, pedir ajuda ao Macedo, um jornalista sério. O homem acreditava que estavam querendo matá-lo por causa de seu sangue raro, tipo O negativo.

Quando Danilo sugeriu que o passageiro procurasse a polícia, ele teria dito que era justamente a polícia que estava querendo prendê-lo para retirar seus órgãos. Segundo a mente delirante do passageiro, uma fonte segura o teria avisado que um figurão do governo estava muito doente, precisando de um transplante. A polícia estaria encarregada de conseguir um doador a qualquer custo. O passageiro acreditava que estava marcado para morrer. A Rádio Gaúcha era sua última esperança.

Enquanto Danilo me passava o táxi e contava essa história, o dia nasceu. Fui trabalhar com o rádio ligado na Gaúcha, é claro, mas nada de falarem do “perseguido“. O Macedão, como sempre, veio com as notícias do dia e muita prestação de serviço. Destaque para o apelo insistente por doadores de sangue tipo O negativo.

8 comentários:

arnaldo siqueira lopes disse...

Rapaz, como fica a historia? O cara com tipo sanguineo O negativo e a Rádio solicitando doação d O negativo... Tenso!!!!!!!!

arnaldo siqueira lopes disse...

Voce e suas crônicas.... Voce deveria estar lá na Flip... Vou sugerir o seu nome... Já passou da hora...

Caminhante disse...

Muito bom!

Anônimo disse...

Mauro,

uma de suas fontes de inspiração esta desvendada: Danilo! Crédito para ele!
Quanto ao passageiro, fica claro no Brasil, que a população só acredita na imprensa como sua guardiã! polícia, judiciário, governo são seus algoses! Isso é muito triste!
Mal sabe ele, o passageiro, que a Radio esta na campanha do O POSITIVO!!! Deus nos acuda!!!!

Sérgio L.B. disse...

Mauro,

Hilário! Muito boa essa do passageiro 'perseguido'...
Efetivamente as emissoras de rádio, em geral, prestam um relevante serviço nas suas chamadas para a doção de sangue. Uma ínfima parcela da população é doadora voluntária de sangue. Os nossos nosocômios se socorrem desse eficiente meio de radiofusão para a sua obtenção. E isso salva vidas!!! É uma prestação de serviço de alta relevância.
Para o conhecimento dos teus inúmeros leitores: Existem 4 Grupos Sanguíneos: O, A, B e AB. O Grupo O e A juntos abrangem 87% da população brasileira. O Grupo O e RH Positivo representa 36% da população, ao passo que o RH Negativo a sua ocorrência na população é de somente 9%. Curiosidade: O portador de sangue O Negativo (O-)é o chamado doador universal: doa para todos os demais mas é receptor de somente um: o O-.
'Há braço' ao nosso especial taxista e atilado contista do dia-a-dia de nossa cidade.
Sérgio e Neiva.

Dalva M. Ferreira disse...

Chama o ladrão!

ricardo garopaba blauth disse...

como sempre o Mestre Eduardo, mais ágil, disse o que eu iria comentar..........No creo em brujas, mas que las ai las hai......em "perfeito" portunhol

Unknown disse...

Parabéns ao Danilo, que de certa forma tentou ajudar este homem.