Meu colega Toninho atendeu o telefone do ponto e ficou pendurado no aparelho um tempão. Estranhei, pois todos sabemos que o telefone precisa ficar livre para receber chamadas. Curioso, fui ver o que estava acontecendo. Toninho encerrou a ligação visivelmente emocionado, com os olhos marejados. Tão logo desligou, explicou-me o que estava acontecendo.
Toninho disse que, poucas horas atrás, tinha feito uma corrida para um passageiro conhecido do ponto. Em determinada altura do caminho, o passageiro discordou do trajeto que estava sendo feito. Houve, então, uma discussão, que, devido ao nervosismo do homem, acabou fugindo ao controle. Por fim, meu colega não cobrou a corrida e expulsou o passageiro do táxi!
Conheço bem o Toninho. É um sujeito educado, quieto, justamente o tipo de cara com o qual não se deve inticar - os quietões são os mais explosivos. O taxista disse que estava levando a desavença numa boa até que o passageiro usou uma expressão popular para diminui-lo: teria mandado o Toninho ficar quieto, pois "poste não mija em cachorro". Acabou levando uns cascudos do meu colega e ficando a pé.
A ligação que Toninho havia acabado de atender era, justamente, do tal passageiro. Ele ligou para o ponto para se desculpar. Disse que não estava conseguindo trabalhar, perturbado pela culpa. Explicou que andava nervoso, com problemas em casa e que, por isso, tinha perdido a cabeça durante a corrida. As explicações do homem foram tão carregadas de emoção, que quase levaram Toninho às lágrimas.
Hoje, peguei o mesmo passageiro, para fazer a mesma corrida. Ele perguntou qual caminho eu faria. Senti que minha resposta serviria como um tira-teima, para ver quem tinha razão na briga do outro dia. Quando optei pelo trajeto que Toninho havia feito, o homem soltou um longo suspiro, afundou no estofamento e não disse mais nada. Assunto encerrado.
11 comentários:
Que sorte a sua! Ele poderia ter repetido a dose! Quem não mija em cachorro é ele!!!! srsrs
Mauro,
É, infelizmente a casa de Caio esta a venda.
Vamos ver se conseguimos reverter isso.
Estamos unidos, com milhões de assinaturas, feitas em uma petição inclusive judicialmente.
Tomara que consigamos.
O Brasil precisa ao menos ter vergonha na cara e eternizar a memória de quem muito contribuiu.
Infelizmente não é assim, não é.
Caio, é meu amor maior.
Quanto a Lya, não sei se ela é chata, mas tem um cérebro privilegiado, e eu sou fã dela.
Li tudo, tudo.
me apaixano por cada livro dela.
Meu abração pra ti!!!
sempre quis entrar num taxi e dizer: SIGA AQUELE CARRO!!!!!!!!
Um dia eu fiz isso, mas não tinha carro nenhum pra seguir, muito menos uma situação favorável pra tal imperatividade. o taxista riu-se.
but, eu fiz! foi legal... rs
adoro seu blog!
bjs
Ligar de volta e se desculpar?
Eu diria que dá para contar nos dedos quem se importa isso. Fato é, esse cara tem consciência, pois apesar da adversidade, ele se preocupou em reparar o que não julgou correto.
Tomara que esse cara consiga resolver satisfatoriamente seus problemas, antes ele do que outro que não tá nem aí pro próximo.
Ótimo texto, um grande abraço!
O ser humano tem essas explosões. Às vezes, acontece. Tenho certeza que o Toninho também estava com isso na cabeça. E o mais interessante é a culpa do passageiro. Ninguém gosta deste tipo de sentimento corroendo, amargando os pensamentos. Enfim, um texto que retrata o ser humano em toda sua complexidade. Culpa, perdão, descontrole e catarse. Excelente texto. Há braços.
Excelente mesmo. Você é bom...
Bela história! Cabeça quente realmente não ajuda nada.... Há braços!
Mas você só fez isso depois de saber da história. Assim não vale!
Abraço.
o fato de ele ter se desculpado mostra que tem ao menos um pingo de caráter.
Conheci seu blog hoje, ele é demais!Li seu perfil e concordo "escrever e pesisitir e insistir" sempre encontramos leitores.
abs
Jussara
Taxistas tem mesmo a formula para tudo! Rapidamente sentiu o tira teima e optou pelo trajeto do amigo taxista? Além da fórmula ainda são corporativistas! Mas Mauro quem tinha razão? O Toninho ou o passageiro?
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