O taxista não achava que estava sendo metido. A passageira não tinha pedido sua opinião, mas ele era homem, sabia que aquilo não ia acabar bem, sentia-se na obrigação de alertá-la. A mulher, porém, não estava gostando do rumo que a conversa tomava. Ela tinha puxado assunto com o motorista, mas não queria que ele se intrometesse em sua vida.
Talvez por estar pegando táxi sozinha, tarde da noite, por insegurança, a passageira pensou em conversar com o taxista. Disse que estava indo encontrar o marido. Segundo ela, o esposo tinha o hábito de reunir-se com amigos todas as sextas-feiras em um estúdio onde ficavam tocando até alta madrugada. As mulheres nunca participavam, mas ela, naquela noite, tinha resolvido aparecer. De surpresa!
O taxista ofereceu seu celular à passageira, para que ela avisasse que estava indo. Talvez fosse melhor. Chegou até mesmo a sugerir que ela voltasse pra casa, desistisse da visita. Homens detestam surpresas, ponderou. Foi nesse ponto da conversa que a mulher irritou-se.
Ela pediu que o taxista não julgasse todos os homens por ele mesmo. Disse que conhecia bem o marido, que confiava nele, que não estava indo até lá para vigiá-lo. Se o motorista estava querendo insinuar que podia haver alguma mulher naquele estúdio, que guardasse para ele essa desconfiança. Ela agradecia a preocupação, mas, segundo ela, seu marido era vinho de outra pipa.
A passageira pediu que o taxista aguardasse e entrou no tal estúdio, o marido ia pagar a corrida. Quando saiu de lá, alguns minutos depois, veio completamente transtornada, aos tapas com o esposo, que tentava convencê-la que tudo não passava de um mal-entendido. Revoltada, a mulher jogou o dinheiro dentro do táxi, mandou que o taxista sumisse da sua frente e voltou a atacar o marido. Queria saber quem era "aquela lambisgoia", que estava sentada no colo dele!
Caiu a casa.
15 comentários:
Que situação, hein!?
Isso é que dá não ouvir uma pessoa mais experiente;ainda tem mulher que acredita piamente nessas coisas.Bem feito.
Eu sou uma eterna desconfiada, obviamente não fico demonstrando isso, ngm merece alguém perguntando e cobrando do lado, hehehe.
Eu conhecia as estórias do futebol com os amigos, da convocação da empresa e dos velórios na madrugada.
Esta do estúdio de gravação é nova.
A passageira queria surpreender e foi surpreendida.
Seja ficção ou realidade uma boa estória para iniciar a semana.
Abraço, Mauro.
Ricardo Mainieri
Ainda bem que ela não ligou antes, pelo menos ficou sabendo da verdade....
Mauro,tem mulher que finge que acredita pra não ter que lidar com a situação e tem escritor que sabe contar essa história direitinho. De um jeito que a gente não sabe se fica com pena dos dois tolos ou do taxista, que deve ter cantado pneu pra não sobrar pra ele. Vai que a mulher comece a perguntar se ele sabia de alguma coisa por isso sugeriu que ligasse antes.
'Bora, colorado!
A história é sempre a mesma, o que muda é o endereço!!
prefiro viver com o ditado: o que os olhos não veem, o coração não sente...
Ela deveria saber que os taxistas sabem de tudo e tem a formula para concertar o mundo!
rsrs. Adorei ler suas histórias. Ali no topo, dizendo que taxistas reparam em tudo.... haha.
Visitarei sempre que puder.
Abraços!
A verdade liberta. A verdade dói.
Olá!
De blog em blog cheguei até aqui.
Me diverti muito lendo seus posts, e escolhi este para elogiar seu estilo e seu senso de humor fino.
Sobre o post: ela foi avisada. Que bom que não desistiu da surpresa pois eu acho que é sempre melhor saber.
Né não?
Bom domingo.
É seu Mauro...querer fazer surpresa e ser surpreendida.Já aconteceu comigo tbm.(Abafa o caso)rssrs...Abraçosssss
Pois é... mas o contrário também vale. Eu mesmo já resolvi aparecer de surpresa e dei com a cara na porta da querida... Abraços,
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