domingo, 13 de dezembro de 2009

O sexo das catequistas

A mulher veio falando ao celular e embarcou no meu táxi. Uma senhora de seus quarenta anos, gordinha e com roupas comportadas tipo professora de catequese. Depois de acomodar-se no banco traseiro, pediu licença à pessoa com quem estava falando ao telefone, colocou a mão sobre o aparelho e me indicou o destino da corrida. Vamos nessa.
Aos poucos a ligação que ela fazia entrou em um clima bem íntimo. A pessoa com quem falava parecia ser seu namorado. Ela diminuiu o tom da voz e passou a descrever o quanto estava se sentindo excitada. Logo, já estava sussurrando obscenidades ao telefone. Diminui o som, para não atrapalhar o momento.
A pessoa do outro lado da ligação parecia estar no mesmo clima. Aos poucos o tom de voz foi novamente subindo e as descrições obscenas aumentando. Minha passageira detalhava a forma como estava tirando suas minúsculas roupas íntimas. Aumentei a potência do ar-condicionado, pois começou a me bater um calorão. O mais estranho é que a mulher, ao mesmo tempo que falava montes de barbaridades, folhava uma revista que tinha no colo. Quando nossos olhares se cruzavam no retrovisor, ela me lançava um sorriso amarelo.
A ligação terminou com minha cliente gemendo como uma louca, simulando um orgasmo que eu, caso não estivesse assistindo, juraria que era autêntico. Antes de desligar, ela agradeceu o telefonema com a frieza de quem frita um ovo.
Telessexo, apressou-se em explicar. Contou que é voluntária em uma casa que abriga crianças especiais. Disse que ela e mais duas colegas montaram o serviço de venda de sexo por telefone para arrecadar fundos para os pequenos. Um sucesso, segundo minha passageira. Uma ala inteira da casa estaria sendo reformada com o dinheiro do esquema.
Deixei-a em frente à tal instituição, onde foi recebida com festa por uma turma de baixinhos.

21 comentários:

Edmilson disse...

Seria este mais um daqueles casos em que "os fins justificam os meios" ??? Pelo menos ela não disse que o dinheiro era para comprar panetones. Abraços.

Caminhante disse...

Será possível isso? Não que eu não acredite que renda, mas pelo inusitado da idéia!

Plinio disse...

O celular é fantástico por permitir a otimização do tempo. Enquanto se dirige para um local, aproveita para desenvolver uma atividade. E só táxi permite isso. Imagine se ela fosse fazer isso no ônibus?

Gorby disse...

Agora fiquei de boca aberta com essa história!! Está demais!! O que interesse é ajudar!

Abraço de Portugal!

Gorby disse...

Agora fiquei de boca aberta com essa história!! Está demais!! O que interesse é ajudar!

Abraço de Portugal!

Rud disse...

É meu caro Mauro, por essas e outras é que somos considerados como testemunhas oculares da vida cotidiana. Que outra profissão nos renderia um flagrante tão exótico? Que nem a outra da mocinha que se disse vendedora e logo em seguida saiu para "fazer programa"... hehehe

Abraços.

Anônimo disse...

Nunca é tarde para descobrir seus talentos, pois, pois.
Sem contar que, quem sabe, alguém em casa lucra também com as novas experiências da senhorinha.
To pensanndo em comprar uma casa num sitiozinho. Considerando as taxas de financiamento versus taxas telefônicas, hum... quem sabe?
Abração.

Dalva M. Ferreira disse...

Fantástico! Muito bem escrito, como sempre. Que apuro, heim?

Caroll Maturana disse...

Adoro as suas tramas porque sempre fico curiosa com o final delas.
Mesmo que esteja ocupada, nunca consigo parar de ler antes de terminar.
E essa sem duvida seria uma situacao dificil de controlar minha cara surpresa.
Ela bem que poderia nao atender na frente de pessoas estranhas neh?!
Mas adorei!hahaha

Caroll Maturana disse...

Adoro as suas tramas porque sempre fico curiosa com o final delas.
Mesmo que esteja ocupada, nunca consigo parar de ler antes de terminar.
E essa sem duvida seria uma situacao dificil de controlar minha cara surpresa.
Ela bem que poderia nao atender na frente de pessoas estranhas neh?!
Mas adorei!hahaha

Carmem Tristão disse...

é a famosa santa do pau oco rsrsrsrs

Raquel disse...

Homi, agora que voltei a blogosfera é que vi o quanto o que vc escreve é delicioso e sensacional. Esrou seguindo!

GuilhermeOffspring disse...

Ri bastante desta postagem... que jeito inusitado de conseguir dinheiro para as crianças hein? Abraços!

Lelê Maria disse...

não!!!! tá brincando né? ohohohoh

Anônimo disse...

Isso é ficção né não Muro? Só pode ser kkk BJ (Sara)

Maete Liv disse...

hAIUHIAHIhaiHAIhi!!!Perfeito!!!

Ricardo Mainieri disse...

Parece aqueles programinhas da MTV: Beeves and Buthead
Num deles, os guris(que nunca transaram)ligam para um tele-sexo e uma senhora gorda e de bobs na cabeça atende e simula orgasmos e outros quetais.
Os olhos da gurizada parecem que vão sair fora das órbitas...(rs)
Muito boa tua crônica, mostra que por uma causa nobre vale quase tudo...(rs)

Abraços.

Ricardo Mainieri

Luis disse...

"Diminui o som, para não atrapalhar o momento."
hehehe bicão :D

muito bacana o blog

Daniel Zandonadi disse...

RAPAZ, é um blog e tanto esse que você tem! Adorei a história da catequista. Talvez, ao contrário, o meio justifique os fins! *hehehehehehe*

Um grande abraço fluminense, escritor e blogueiro também ;^)

Criativos Online 2010 disse...

Olá...

Parabéns...estava navegando no blogger e encontrei seu site...muito legal...A estoria do telesexo foi a melhor...rsrsrsrsrsrsrsrsrs....


Abraço...Se quiser fazer uma visita no meu blog (ainda é super novo) segue link: www.criativosonline2010.blogspot.com.

Delafonte disse...

Curioso como o aparelho celular é um coadjuvantante tão presente quanto o próprio táxi dentro das estórias do blog. Neste estorinha em específico o telefone desempenha função muito especial, tanto quanto a personagem da mulher que o utiliza.