Foi assim. Meu táxi requisitado por um motel. Entrei, os passageiros me esperando na garagem do apartamento. Os semblantes não eram dos melhores. A mulher entre preocupada e sorridente, um mistério no rosto. O homem visivelmente irritado. Vamos lá. Boa tarde, boa tarde, taxista, temos um probleminha. Como eu imaginava. É o certo a fazer quando se tem um probleminha: peça ajuda a um taxista. Nóis dá o jeito.
Ocorre que os dois eram amantes (por óbvio, num motel), e o homem estava em apuros. Depois de se divertirem e tal e coisa, o homem relaxou, estiradão, barrigão pra cima (eu imaginando a cena). Depois de refeito do cansaço, resolveu se levantar pra tomar uma ducha. Acontece que o lençol levantou-se com ele. Grudado na bunda.
Durante a brincadeira lá deles, a mulher, que mascava um chiclete, descartou a goma (para fazer sabe-se lá o que com a boca). O chiclete se perdeu na loucura. Depois de tudo, o homem descansou a nádega cabeluda sobre a borracha grudenta. Imaginem. Arrancado o lençol, restou o chicletão grudado nos pelos da retaguarda. Um horror! Não conseguiram limpar a região. Quanto mais puxavam mais grudava. Para não vestir a calça e grudar também no tecido, que não teria como explicar para a esposa, o homem colocou um panfleto do motel entre o chiclete e a calça. Não tinha como chegar em casa naquela situação. Quem sabe o taxista ajuda?
Casualmente eu tinha visto em algum lugar, não fazia muito tempo, a explicação de como tirar chiclete grudado no sofá. Bom, deveria funcionar pra bunda! O lance era congelar a goma de mascar, até que ela ficasse bem sólida. Daí era só puxar.
Não tinha gelo no motel. Tive que sair com o táxi pra buscar. Encontrei numa loja de conveniência. Lá no posto Ipiranga. Cheguei de volta com um saco de gelo. A solução. O homem pagou mais uma hora, fomos os três pra dentro do quarto: amulher, achando graça, o homem puto da cara e eu com um saco de gelo. Chácomigo!
Bom, aí foi aquele tal de aplicar gelo no local, que além de cabelo, agora tinha resto de propaganda de motel. Imagina. Várias pedras derretidas na bunda até que a coisa se solidificou - a pele já azulada, sem circulação de sangue. Tá feito, decretei. Agora era só uma questão de puxar. Perguntei se a amante queria fazer as honras da casa. Neeem pensar. O homem não tinha coragem. Bom, alguém precisa fazer o trabalho sujo. Eu puxo. Vaaaap!
-- Aaaaaaaaaaiiiiiiiii!!! - O berro ecoou por todos os quartos do motel, rebatendo nos muros, voltando, girando no portão, rodando pelos corredores. Era isso. Estava acabado.
Restou uma marca enorme, vermelha, escalpelada, quase em carne viva. Era só uma questão de manter a bunda longe do olhar da esposa. Um hipoglós, um creme hidratante, sei lá. O tempo cuidaria de apagar a marca do crime.
Você não tem um amigo taxista? Sério? Providencie.
2 comentários:
Caramba! Pergunto por perguntar... teve gorjeta? Se bem que eu te conheço, faria de tudo para ajudar, afinal era um ser humano em apuros, e você o bom samaritano. Mas puxa vida!
Mauro,
Rindo muito aqui com essa história! hahahaha
Que situação em que você foi se meter, meu amigo!
Personal Bubble Gum Flex, atendemos em qualquer lugar... hahaha
Fazer coisas às escondidas não costuma dar muito certo, uma hora dá ruim! Esse cara teve que se explicar em casa com certeza.
Muito bom ler suas histórias!
Um abraço!
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