quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Amanhecendo o dia, um clube noturno solicitando táxi. O segurança traz uma jovem em estado avançado de embriaguez. Ela vomita antes de ser depositada no meu carro - isso é bom, uma coisa a menos pra me preocupar. Em um resto de lucidez, ela me informa o endereço e mostra o dinheiro. Vambora.
Chegando no local indicado, a jovem não parece ter forças para descer. Desliga o táxi, ajuda, upa, arrasta. Ante a porta do prédio, minha passageira se abraça em mim e começa a chorar. Confessa que não mora mais alí. É a casa do seu ex-marido, começa a contar uma história enrolada que não tenho interesse em ouvir. Volta pro táxi.
Antes de cair num limbo de inconsciência, misto de álcool e depressão, ela informa seu verdadeiro endereço. O sol, já alto, ilumina o rosto borrado de maquiagem e desamparo.
Finalmente na casa certa, atende ao interfone uma voz de criança. Aparentando uns 10 anos, o garoto examina a jovem estirada no banco traseiro do táxi. É sua mãe. Ele vai abrindo as portas, eu a levo no colo até a cama. Surpreendentemente maduro, o garoto paga a corrida desculpando-se. Não deve ser a primeira vez e ele parece intuir que não será a última.

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