domingo, 5 de abril de 2015

Mãe

Uma garota me fez sinal e eu parei. Ela chamava atenção pela quantidade de tatuagens. Apesar de trazer uma criança no colo, estava fumando. Ao embarcar no táxi, perguntou se poderia continuar com o cigarro. Óbvio que não.

Destino: um shopping center. Rodadas algumas quadras, a garota pegou o smartphone. Como a criança estava agitada em seu colo, ela largou-a no banco. Solta. Era um bebê, não devia ter nem um ano de idade. Eu pedi que ela segurasse o bebê no colo. Ela obedeceu a contragosto.

Mais a adiante, a garota pediu que eu ligasse o rádio. Queria uma estação especifica, meteu-se entre os bancos para sintonizar. Só então notei que tinha largado o bebê novamente. Pedi que segurasse a criança, ela pediu que aumentasse o volume. Funk.

Chegando ao shopping, ela ligou para alguém, que viria pagar a corrida. Enquanto esperava, desceu do carro para fumar, deixando o bebê no táxi. Como a pessoa estava demorando, ela me informou rapidamente que ia buscar o dinheiro. Apenas deu o nome da loja onde trabalhava seu pai e partiu em disparada, deixando o bebê aos meus cuidados.

A situação era a seguinte: eu estava estacionado em um local proibido, alerta ligado, com um bebê esperneando no banco traseiro, esperando por uma louca sem noção que talvez nem lembrasse onde tinha deixado o táxi com seu filho. Por sorte apareceram dois policiais a cavalo. Pedi socorro.

Por algum motivo, a criança se acalmou no meu colo. Enquanto eu relatava a situação aos policiais, o bebê brincava com meus óculos. Antes que partissem à sua procura, a garota apareceu acompanhada de um homem mais velho. Vinham discutindo.

Resumo da ópera: o homem, pai da garota, acusava a filha de ser desequilibrada, de ter roubado a criança da avó, que tinha a guarda da neta. A garota, à beira de um surto, acusava o pai de tê-la estuprada, de ser o pai da própria neta. Uma loucura!

Todos para a delegacia, perdi a tarde, a corrida, e o que me restava de fé no ser humano.

2 comentários:

Dalva M. Ferreira disse...

Mundo maluco! Para ser pai e mãe devia haver um vestibular muito duro... psicotécnico, tudo mais. Só ia passar quem tivesse preparo, e muita determinação. Abraços!

Clarice disse...

Olá, vizinho amigo!

Parabéns por mais uma velinha no bolo! Muita saúde e um motivo por dia para comemorar. O resto é olhar para todos os lados e seguir em frente.
Abração.