O telefone do ponto toca e eu atendo. A passageira solicita um táxi com urgência, pois está atrasada. Ela informa seu endereço e pergunta se sei onde fica. Mesmo confirmando que conheço a rua, ela faz questão de me orientar (em detalhes) como chegar até lá. Ela informa que estará esperando na porta.
Depois de esperar um bom tempo em frente ao prédio, resolvo ver por que a mulher não aparece. Pelo interfone, ela me explica que teve uma "indisposição estomacal", mas que já está descendo. Espero mais meia hora.
Quando finalmente aparece, a mulher vem caminhando calmamente. Está acompanhada do marido. O homem senta atrás e ela ao meu lado. Com a porta aberta e uma perna para fora do táxi, ela começa a discutir qual itinerário seria o mais rápido. Passamos longos minutos nessa situação até que ela, enfim, decide-se por um caminho alternativo.
Mais tarde, quando dobro para o tal caminho escolhido, ela me pergunta se não teria sido mais rápido pelo trajeto tradicional. Finjo que não ouço a pergunta. Ela, então, grita para o marido. O homem aponta para o ouvido, diz que o aparelho auditivo está ruim. Que nada, desconfio que ele está é cansado de ouvir a mulher.
Mais adiante a passageira pede que eu abra um pouco a janela. Logo diz que abri demais. Eu fecho. Ela protesta, dizendo que fechei demais...e assim vamos até achar a altura exata do vidro.
No fim da corrida, a passageira elogia minha paciência e pede o número do meu celular. Digo que não tenho telefone. Mal acabo de falar e meu celular começa a tocar (droga!). Fico impassível, olhando nos olhos da mulher. Ela fica me olhando também, olhos nos olhos, esperando que eu atenda o aparelho. O "surdo" do banco de trás avisa que está ouvindo um celular. Miserável!
Por fim, a mulher entende que não a quero como cliente, baixa os olhos e se vai, xingando o marido que finge não escutá-la. Ando selecionando minha clientela: de chato, basta eu.
11 comentários:
Boa !
Muito bom! Mas "a altura exata do vidro" foi ótimo!
Há braços...
São os chamados ossos do ofício. Tinha que ouvir leitores achando que o jornal era deles porque compravam um exemplar. Cada um com uma opinião diferente e conflitante como se pudesse ser feito um jornal para cada um. É claro que não me refiro aos que tinham realmente razão em reclamar. Mas falta de respeito realmente não se deve admitir.
Espero que tenha servido de lição pra ela! Achei um luxo você se dar o presente de não ter uma passageira assim.
Há! Há! Há! Essa merece com acento e tudo. Vizinho, você alcançou o terceiro degrau em direção ao Nirvana. Dizer não é de uma sabedoria sem medida.
Fiquei com pena do marido. E da vizinhança. E do caixa do supermercado, do balconista.. Que mulher chata!
Boa semana.
Elas existem sim!
Estao por toda parte...
Adoro a maneira que vc conta seus casos!
Abraços
Muito bom Mauro! seleciona melhor tuas companhias musicais também hahaha
E chatos e loucos é o que mais tem....
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!
Você se supera a cada dia. Parabéns.
meu amigo, aqui fala Lilian do Canada, quanto tempo nao nos falamos... esta historia me lembrou um proverbio chines: eh melhor um amigo desonesto do que um amigo chato, porque ninguem eh desonesto o tempo todo!
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