segunda-feira, 28 de julho de 2025

Segunda-feira encardida, chuvisqueiro tocado com vento, eu indo buscar uma corrida no fundo da vila Bom Jesus. O GPS mandando entrar nos becos, dobrar nas vielas. Meus passageiros esperando na frente de um acesso. Três caras abraçando uma senhora. Ela aos prantos. Corrida para o cemitério São Miguel e Almas. Alguém morreu. Os caras consolando a mãe no banco de trás. O cara na frente, ao meu lado, jurando vingança. Guerra de facção, os Mano, os Bala-na-Cara, disputa de território. Clima tenso no táxi, vidros embaçados, ar pesado. O GPS alertando para 7 minutos no congestionamento, na rotatória pegue a segunda saída, siga por uma eternidade Ipiranga afora, o dia amanhecendo entre lágrimas.

Eu nem sei porque deixei o GPS ligado, afinal o caminho para o cemitério é um só. Foi quando a voz do Waze anunciou em alto e bom som:
— Polícia a frente.

Pânico no interior do táxi! Todo mundo se coçando! Reboliço no banco de trás! O cara ao meu lado puxando um revólver de baixo do casaco, o 38 cromado! Minha nossa senhora! "Segue, mano, segue, segue, não para não, mano! Não para, não para!" O maldito GPS lingüarudo! O cara engatilhando o revólver, a mãe abraçada no banco de trás. Polícia a frente! Fudeu!

Que nada. Uma viatura da EPTC, agentes de trânsito, dentro do carro, no zap, nem aí pra os carros particulares usando a faixa exclusiva para ônibus e táxi. Saco! O gps me perguntando se a "polícia" continua lá. Que se dane! Desliguei a porcaria.

E esse inverno que não acaba, hein?

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