Sentado dentro do meu táxi, bem na esquina, assisti o acidente em detalhes. Um Logan prata converteu de forma abrupta e uma moto em alta velocidade bateu no carro. O motoqueiro carregava um botijão de gás na garupa, o Logan carregava uma passageira no banco de trás.
Carro amassado, motoqueiro esfolado, recolhe o parachoque que caiu, busca o botijão que rolou, bate-boca, dor, raiva, prejuízo. Eu só observando.
Seria só mais um acidente, entre tantos que presencio diariamente, não fosse um detalhe. O momento em que o "parceiro" motorista de aplicativo cogitou procurar por uma testemunha. Ele olhou pro meu carro parado na esquina, eu sentado ao volante, a testemunha perfeita! O cara chegou a dar alguns passos em direção ao meu táxi, mas desistiu no meio do caminho. Lugar errado para buscar solidariedade, ele deve ter concluído.
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Tenho um passageiro que costuma encontrar-se com sua amante em um cemitério. É sério! Acabei de deixá-lo lá. Alertei-o quanto as previsões de mau tempo, tempestade de granizo e tudo mais. Não adiantou.
- Hoje vamos visitar o túmulo dos avós dela.
Minha passageira planeja comemorar seus 80 anos fazendo um curso de Reiki Xamânico em uma fazenda de nudismo. Contratou-me para levá-la pela manhã e buscá-la à tarde. Como não tem companhia, minha octogenária cliente deu-me a opção de participar das atividades junto com ela, na base da parceria, tudo pago!
Alguém tem ideia de como seria esse "curso"?
Num casal de idosos onde um enxerga pouco e o outro é quase surdo, adivinha quem liga para o ponto de táxi:
- Alô, ponto de táxi, boa tarde.
- De onde fala?
- Ponto de táxi.
- É do ponto de táxi que está falando?
- SIM, PONTO DE TÁXI (gritando)!
- Alô.
- ALÔ! PONTO DE TÁXI!
- Alô, alô, eu preciso de um táxi. Alô.
- SIM, QUAL O ENDEREÇO!?
- Alô, é do ponto? É do ponto de táxi?
- De onde fala?
- Ponto de táxi.
- É do ponto de táxi que está falando?
- SIM, PONTO DE TÁXI (gritando)!
- Alô.
- ALÔ! PONTO DE TÁXI!
- Alô, alô, eu preciso de um táxi. Alô.
- SIM, QUAL O ENDEREÇO!?
- Alô, é do ponto? É do ponto de táxi?
Desisto.
- Alô, oi, João, onde você está, meu amor? No Centro? Num cliente, João? Não diga!
- A senhora vai ficar aqui?
- Eu tô num táxi, João. Na Fernandes Vieira, na frente da casa da perua da Luiza. O que é que o teu carro tá fazendo estacionado na frente da casa dessa biscate, João?
- Desligo o taxímetro, ou a senhora...
- Não é o teu carro, João? É a mesma placa, João! O mesmo adesivo Deus é fiel no vidro traseiro! Tu tá de novo com essa vagabunda, João! Não tô acreditando, João!
- Não posso ficar parado aqui em fila dupla, vão multar meu táxi, senhora.
- Taxista, toca pro motel dos Alpes. João, sabe o que é que eu vou fazer? Alô, tá me escutando bem, João? Eu vou pro motel com esse taxista, vou dar pra ele, a gente vai se acabar transando, João!
- Olha só, eu estou trabalhando, não...
- Hum, ele ficou todo assanhadinho, acho que é tarado, esse taxista, João! Aposto que vai ser ótimo, seu imbecil! Ele tá me levando pro motel, João!
- Não, olha...
- Que vai matar o quê, tu não vai matar taxista nenhum, pensa que só porque tu és delegado as pessoas tem medo de ti, João? Grande coisa que tu já tem dois assassinatos nas costas!
- Minha nossa senhora.
- O taxista tá rindo da tua cara, hahahaha!
- Não faça isso, senhora.
- Olha, João, ele é escritor, o taxista! Nossa, que legal, foi o senhor que escreveu esse livro?, Taxitramas, hum.
- Não, não.
- Fica aí com a piranha da Luiza, João, eu vou pro motel com esse taxista, hoje tu vai ser corno, João! Um taxista escritor hahahaha, aposto que vai escrever a história do corno do João hahahaha!
- Me dá aqui esse telefone, alô, alô, seu João, seu João, alô, alô.
- Eu já desliguei. O senhor pode me deixar ali no shopping, por favor.
- Tô ferrado.
- Quanto custa o seu livro?
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Numa corrida em que levava seu cachorrinho para uma clínica veterinária de luxo (sessão de acupuntura) a passageira me confidenciou que está enxugando gastos: está tirando sua mãe de uma clínica geriátrica "metida a besta", colocando a velha em um lugar mais simples.
- Minha mãe está com Alzheimer, não aproveita nada mesmo
Hoje é quinta-feira e eu vim trabalhar de tênis. Esqueci. Aposto que minha passageirinha da terceira idade vai me cobrar. Semana passada, ela deu a dica:
- Eu venho toda quinta-feira nesse bailinho. É bom, mas falta homem pra gente dançar. O senhor não quer estacionar o táxi? Dançar um pouco comigo? Pago seu ingresso e um refri!
- Mas a senhora disse que não deixam entrar de tênis...
- Mas a senhora disse que não deixam entrar de tênis...
- Vamos combinar pra semana que vem!
Um homem embarca no táxi fazendo sinal de que não fala, é mudo. Não tenho caneta, ele tenta me explicar onde quer ir:
- As mão enlaçadas sobre o peito.
- Igreja. Não?
- Fecha os olhos. Os olhos fechados.
- Dormir. Clínica do sono? Não?
- Mãos no peito, olhos fechados, língua pra fora.
- Língua pra fora?
- Ajeita a gravata (já irritado), pés juntos, estica pra trás, mãos no peito, olhos fechados!
- Gravata, estica, testemunha, casamento, cartório!?
- Indicador esticado, arma na mão, tiro na cabeça, olhos fechados, língua pra fora?
- Necrotério municipal!
- Igreja. Não?
- Fecha os olhos. Os olhos fechados.
- Dormir. Clínica do sono? Não?
- Mãos no peito, olhos fechados, língua pra fora.
- Língua pra fora?
- Ajeita a gravata (já irritado), pés juntos, estica pra trás, mãos no peito, olhos fechados!
- Gravata, estica, testemunha, casamento, cartório!?
- Indicador esticado, arma na mão, tiro na cabeça, olhos fechados, língua pra fora?
- Necrotério municipal!
Puto da cara, o mudo desce, vai no táxi de trás pede um papel e escreve às pressas, com letra de forma, bem grande "CEMITÉRIO PORRA!!"
- Ai, nossa, não se irrite.
O marido pega meu livro pra dar uma espiada, lê uma história, duas, cai na risada, adora. Ele vira pra mulher, que parece enfastiada no banco traseiro do táxi.
- O livro do taxista é ótimo, querida, vamos levar?
- Não.
- Não.
Manda quem pode, obedece quem tem juízo
Sinal vermelho.
Av. Bento Gonçalves, sete da matina. Paro o táxi no semáforo. Na calçada, uma jovem morena, cabelo molhado, short justíssimo, blusinha mínima e botas de canos longos, acima dos joelhos, está parada com as duas mãos no rosto, secando as lágrimas, o rosto deformado pelo choro. Ela parece à beira de um ataque de nervos. Do outro lado da avenida, um bordelzinho de quinta está fechando as portas, um pequeno grupo de "clientes" está deixando o local. Um deles parece xingar a menina que chora na outra calçada. Penso em abrir o vidro do táxi e oferecer ajuda, mas, nisso, pára um ciclista, um senhor, roupas simples, mochila nas costas - típico trabalhador economizando a passagem do ônibus. Ele desce da bicicleta e acode a garota que chora, põe a mão no seu ombro, conversa com ela.
Av. Bento Gonçalves, sete da matina. Paro o táxi no semáforo. Na calçada, uma jovem morena, cabelo molhado, short justíssimo, blusinha mínima e botas de canos longos, acima dos joelhos, está parada com as duas mãos no rosto, secando as lágrimas, o rosto deformado pelo choro. Ela parece à beira de um ataque de nervos. Do outro lado da avenida, um bordelzinho de quinta está fechando as portas, um pequeno grupo de "clientes" está deixando o local. Um deles parece xingar a menina que chora na outra calçada. Penso em abrir o vidro do táxi e oferecer ajuda, mas, nisso, pára um ciclista, um senhor, roupas simples, mochila nas costas - típico trabalhador economizando a passagem do ônibus. Ele desce da bicicleta e acode a garota que chora, põe a mão no seu ombro, conversa com ela.
Sinal verde.
Fico curioso quanto ao desenrolar da cena, tento retardar a partida, mas as buzinas me chamam à realidade, engato a primeira marcha e sigo o fluxo. Afinal, a vida é isso mesmo: um eterno seguir o fluxo.
Fico curioso quanto ao desenrolar da cena, tento retardar a partida, mas as buzinas me chamam à realidade, engato a primeira marcha e sigo o fluxo. Afinal, a vida é isso mesmo: um eterno seguir o fluxo.
Corridinha de 7 Reais
- Só tenho 50, o senhor tem troco?
- Tenho, mas essa nota é falsa, senhora.
- Mas eu peguei no banco agora mesmo!
- É beem falsa.
- Então só tenho essa de R$100.
- Também é falsa. É um xerox, senhora!
- Recebi no banco!
- Ali tem uma viatura da polícia, a senhora...
- Não, não, eu detesto polícia.
- Aposto que sim.
- Tenho, mas essa nota é falsa, senhora.
- Mas eu peguei no banco agora mesmo!
- É beem falsa.
- Então só tenho essa de R$100.
- Também é falsa. É um xerox, senhora!
- Recebi no banco!
- Ali tem uma viatura da polícia, a senhora...
- Não, não, eu detesto polícia.
- Aposto que sim.
E se foi sem me pagar.
A driver who drive cab should not fight with any one. This will cause of worry of passengers. Your company is well reputed providing best Taxi Services in UK.
ResponderExcluirO texto feito por você{s} é muito legal pois é engraçado,teve partes que eu não me aguentei de rir, pois conta a historia de um motorista de taxi que não é muito comum ver isso em outros blogs.Aparece vários passageiros e a que eu mais gostei foi essa ultima da corridinha de 7 reais que as notas eram falsas, eu morri de rir, KKKKKKKKKK, dou parabens para o blog.
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